10 tendências que vão impactar o mercado da moda em 2020

Photo by pexels

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As perspectivas para o mercado da moda em 2020 são complexas e desafiadoras. O cenário econômico, político, social e ambiental em constante ebulição, e a necessidade de responder às forças competitivas que vem de diversas direções e às mudanças tecnológicas que influenciam fortemente no comportamento dos consumidores, faz com que as empresas da indústria da moda tenham que se adaptar para sobreviver. 


As empresas mais bem sucedidas serão as que conseguirem agir mais rapidamente, antecipando-se às mudanças, com foco na rentabilidade e sustentabilidade no longo prazo, em vez de apenas no aumento de vendas do curto prazo, e que trabalham para engajar as pessoas para aprimorar processos e produtividade, enquanto garantem flexibilidade operacional e robustez financeira. Só os mais adaptáveis prevalecerão e crescerão nesse novo ambiente.

A consultoria McKinsey se uniu ao site The Business of Fashion e produziu um relatório, chamado "The State of Fashion 2020". Aqui está um resumo geral das principais tendências que impactarão o mercado em 2020: 

ECONOMIA GLOBAL

1. Alerta Máximo sobre as condições econômicas

Atenção contínua é recomendada para o próximo ano, em que uma turbulência subjacente e crescente poderá perturbar as relações entre as economias de países emergentes e desenvolvidos. Indicadores de risco de recessão estão obrigando as empresas de diversos segmentos a criar planos de resiliência para outros riscos macro como instabilidade geopolítica e a degradação das tensões de comércio internacional.

A quantidade de pessoas que responderam à pesquisa afirmando que esperam que as condições econômicas vão melhorar despencou de 49% para 2019 para 9% para 2020.

2. Oportunidades além da China

China vai continuar a fornecer oportunidades e a ter um papel de liderança na indústria global da moda, mas o seu mercado colossal está se mostrando mais difícil de penetrar do que as marcas anteciparam. 

A população de consumidores com menos de 30 anos em 5 novos mercados fora da China vai crescer para ser mais do que o dobro do tamanho da população chinesa equivalente em 2025.

MUDANÇAS NOS CONSUMIDORES

3. Novas estratégias para comunicar com a nova geração social

Enquanto os modelos tradicionais de engajamento têm dificuldade nas plataformas de mídia social, quem trabalha com moda precisa repensar sua estratégia e encontrar meios de maximizar seu retorno sobre o capital investido. Conteúdo capaz de deter a atenção das pessoas são a chave, quando direcionados nas plataformas certas para cada mercado, usando chamadas persuasivas e, sempre que possível, um link direto, e sem atrito, para o checkout.

Setenta por cento dos profissionais de moda acreditam que um tema de destaque do próximo ano será a avaliação constante e crescente dos níveis de investimento nas plataformas das novas mídias X as plataformas tradicionais.

4. Marcas mais próximas no mundo físico

A demanda dos consumidores por conveniência e atendimento imediato está forçando os varejistas a complementar as redes de lojas físicas com lojas de formato mais compacto, que estão mais próximas dos consumidores, acessíveis onde eles estão, e que reduzem atritos na jornada do consumidor. A fórmula vencedora vai apresentar experiências in-store (dentro das lojas) e variedades de produtos adequadas às demandas locais em vizinhanças e subúrbios que vão além dos principais Shopping Centers e centros de serviços. 

Cinquenta e cinco por cento dos executivos de moda acreditam que uma “experiência nas lojas físicas adequada à demanda local" será um tema de destaque no próximo ano.

5. Sustentabilidade em primeiro Lugar

A indústria da moda global é de altíssimo consumo de energia, geração de poluição e desperdício. Apesar de alguns progressos modestos, a moda ainda não tomou a sério o suficiente as suas responsabilidades ambientais. No próximo ano, os profissionais de moda precisam abandonar as platitudes e os ruídos que só servem para autopromoção e começar a agir de forma significativa e respeitando as normas regulatórias, enquanto enfrentam a demanda dos consumidores por mudanças realmente transformadoras.

Participantes da pesquisa da McKinsey afirmaram que “sustentabilidade" vai ser tanto o maior desafio quanto a maior oportunidade para a indústria da moda em 2020.

O SISTEMA DA MODA

6. A Revolução dos materiais

As marcas de moda estão avaliando alternativas para os materiais padrão de hoje, com empresas-chave focadas em substitutos mais sustentáveis, que incluem vários tipos de materiais possíveis, redescobertas de técnicas ancestrais, reengenharia de materiais preferidos antigamente, e também materiais de alta tecnologia que conseguem entregar novas funcionalidades e atributos estéticos. Nós esperamos que as áreas de Pesquisa e Desenvolvimento das empresas vão cada vez mais dar foco à ciência de materiais para que a criação de novas fibras, têxteis, acabamentos e outras inovações em materiais possam ser utilizadas em larga escala.

Dos pesquisados, 67% consideram que utilizar materiais inovadores e sustentáveis é importante para suas empresas.

7. Uma cultura cada vez mais inclusiva

Consumidores e empregadores estão colocando cada vez mais pressão nas empresas de moda para que se tornem defensores proativos da diversidade e da inclusão. Mais e mais companhias estão elevando a diversidade e a inclusão para um nível de alta prioridade, envolvendo toda a organização em torno do tema e contratando profissionais com papéis de liderança específico nessas áreas. Mas as iniciativas das empresas estarão cada vez mais sob o olhar atento e avaliadas em termos da sua sinceridade e dos resultados nas ações.

No total de empresa da indústria da moda há sete diretores-executivos homens para cada diretora-executiva mulher.

8. O crescimento dos concorrentes Além-fronteiras

As marcas de moda e varejistas estabelecidos vão enfrentar uma concorrência cada vez maior de novos concorrentes asiáticos, enquanto fabricantes e empresas de pequeno e médio porte (PMEs) extrapolam seus papéis tradicionais e começam a vender diretamente para os consumidores finais em nível global. É esperada uma competição ainda maior de empresas até então desconhecidas da cadeia de suprimento asiática, que desenvolvem produtos populares para vender a preços acessíveis usando plataformas de e-commerce que independem de fronteiras físicas. 

9. Convenções não-convencionais

As feiras de negócios de moda tradicionais precisam reagir à crescente atividade de venda direta ao consumidor, ciclos de moda cada vez mais curtos, e digitalização comercial. É preciso que os eventos incorporem novos papéis e refinem seu foco na audiência certa. Em uma aposta para se manterem relevantes, se diferenciarem, a até como estratégia de sobrevivência, cada vez mais desses eventos vão adicionar atrações direcionadas aos consumidores (B2C) ou lançar novos serviços e experiências para aprimorar relações com sua audiência B2B tradicional.

A feira de negócios do futuro vai precisar ser altamente digital, repensar seu público-alvo e dar protagonismo a tendências e ideias fresquíssimas para a indústria. 

10. Recalibração Digital

Avaliação do valor das empresas de moda chegou a níveis alarmantes e, apesar de uma sequência de aberturas de capital (IPOs) de grande destaque, e empresas privadas alcançando status de unicórnios (com valor acima de US$ 1 bilhão), o sentimento dos investidores em relação ao desempenho do mercado está começando a piorar. A apreensão dos investidores cresce em relação ao caminho viável de lucratividade de alguns players digitais, desde varejistas e marketplaces 100% digitais, até marcas de venda direta ao consumidor e outros modelos de negócios com foco no digital (digital-first). 

Queda de valor das startups de Moda: Na média, as empresas de tecnologia + moda que fizeram IPO nos últimos 2 anos tiveram uma queda de 27% no valor das suas ações desde que começaram a negociar nas bolsas de valores. É preciso ter atenção nesse mercado.


Referência: Relatório "The State of Fashion 2020" - McKinsey e The Business of Fashion.